Nem todas as minhas amigas são para todas as horas. Mas eu tenho a sorte de ter uma amiga para cada hora. Cada uma representa um papel na minha vida, e com cada uma tenho uma relação diferente:
- Amiga-mãe: é aquela que cuida mais de mim do que o inverso. Me ouve mais do que fala dela. Me dá colo e raramente pede. E já passou por muito mais problemas sérios do que eu, que apenas por ser mais mimada penso que minhas questões são maiores e mais importantes. Ela passa a mão na minha cabeça, mas muitas vezes me dá bronca.
- Amiga-irmã: é aquela com quem me identifico muito. Ela não tem resposta para as minhas dúvidas, em geral tem tantas dúvidas quanto eu. Ambas nos questionamos sobre tudo e não temos vergonha de ser infantis e imaturas juntas. No quesito “chorar no ombro”, nos revezamos: às vezes sou eu quem dou, outras peço.
- Amiga-filha: ela é mais complicada do que eu. Em geral, só fala, enquanto eu ouço e dou conselhos. Normalmente me mete em encrencas e pede muito de mim. Perto dela, eu sou supermadura.
- Amiga porra-louca: eu e ela não temos nada em comum. Mas ela é tão megadivertida, que é uma delícia tê-la como companhia, principalmente nas baladas. Ela me diverte com seus casos doidos, e atitudes ousadas. Ela paga mico e não tá nem aí, e realiza tudo aquilo que eu nunca teria coragem (mas talvez morra de vontade).
- Amiga-pé-no-chão: equilibrada e racional, ela é realista e não fala o que eu gostaria de ouvir. Fala a verdade nua e crua. Toda vez que eu estou querendo me iludir, fujo dela. Mas quando eu estou querendo alguém para ponderar os lados e frear a minha impulsividade, recorro a ela. Ela nunca julga, apenas dá os vários lados de cada questão e de cada parte envolvida. E deixa tudo mais claro para eu própria resolver como agir.
- Amiga-poliana: romântica e megaotimista, ela acredita que tudo vai dar certo e que eu sou o máximo. Toma as minhas dores e não me deixa nunca para baixo. Quando eu estou querendo me iludir, ligo correndo pra ela.
Como é possível ter amigas tão diferentes e gostar tanto de todas elas? Porque cada uma preenche minha vida com algo diferente, e me faz sentir importante de uma maneira muito especial. Da mesma forma, eu faço cada uma sentir-se importante de modos diferentes. Independentemente de seus defeitos e qualidades, nos adoramos, porque, no fundo no fundo, elas são um pouquinho de mim, e eu, um pouquinho delas, ou do que gostariam de ser. Tudo isso não quer dizer que não role inveja, ciúmes, desavenças. Faz parte. E a gente releva. Só não pode rolar sacanagem. O que conta mesmo é todas terem caráter e os valores básicos – a noção do que é ético e do que não é numa amizade – bem parecidos.
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