Já li um monte de reportagens falando sobre a importância de saber dizer “não” para as pessoas ou situações que nos fazem mal. Há gente que realmente tem uma absurda necessidade de agradar e ser aceita. Pra isso, fazem concessões ao ponto de atropelarem seus próprios desejos. Carregam uma culpa sei lá vinda de onde e enfrentam o mundo com uma postura solícita, como se estivessem sempre pedindo desculpas por ter nascido. Com um eterno sorriso no rosto, fazem vista grossa para os defeitos dos outros talvez por colocarem lente de aumento sob seus próprios defeitos. Abrem mão de escolher em prol de aceitar e embarcar na onda alheia. Tudo pra ter uma imagem de “topa tudo, gente boa”, sempre correndo o risco também de serem vistas como bobocas. Se adaptam a qualquer situação. Que música toca no som do carro? “Pode escolher, gosto de tudo.” Pra onde vamos viajar no Reveillon? “Tanto faz, estou sussa”. Onde vamos jantar? “Qualquer coisa pra mim ta bom”. Lá na frente, uma hora seus próprios desejos explodem, seja em forma de uma alergia de pele, uma discussão por algo besta com a mãe, ou, pior, um câncer.
Nunca li matéria alguma sobre a importância de dizer sim. E não é porque dizer não pra tudo faz menos mal do que dizer sim. Longe disso. Gente que diz não pra tudo costuma ser crítica, viver na defensiva, sempre achando que o mundo conspira contra ela. Com uma visão negativa e sempre pessimista, na tentativa de se prevenir de malefícios, elas acabam se precavendo também de benefícios, de tão fechadas para o novo e o desconhecido. Muitas vezes tornam-se pessoas ranzinzas e desagradáveis. Ou pior: manipuladoras e arrogantes. Impondo seu próprio modo, deixam de conhecer e vivenciar milhões de outros. E muitas vezes passam por cima de desejos que elas nem sabem que existem, uma vez que não se deixam ser provocadas.
A solução para equilibrar sims e nãos não é ficar em cima do muro, mas saber quando é melhor optar por um, ou por outro. Para cada sim, diga um não:
- Sim para o amor. Não para a violência.
- Sim para a boa vontade. Não para a manipulação.
- Sim para o diferente. Não para preconceitos.
- Sim para desafios. Não para medos.
- Sim para a saudade. Não para a nostalgia.
- Sim para coragem. Não para a dor.
- Sim para a generosidade. Não para autoritarismos.
- Sim para a verdade. Não para a mentira.
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